Clínica de Reumatologia Toledo
Fenômeno de Raynaud e Capilaroscopia

Fenômeno de Raynaud e Capilaroscopia

O Fenômeno de Raynaud, descrito em 1862 por Maurice Raynaud, caracteriza-se por episódios reversíveis de déficit circulatório nas extremidades, principalmente em mãos e pés, tipicamente desencadeados após exposição ao frio. Estima-se que ocorra em cerca de 4 a 15 % da população

Classicamente são descritas 3 fases para o fenômeno: palidez, cianose (dedos azulados/arroxeados) e rubor (vermelhidão). Na grande maioria das vezes o Raynaud é um evento benigno, não relacionado a nenhuma doença de base. Porém, em cerca de 10% de quem apresenta o fenômeno pode haver associação com alguma causa de base, dentre elas as doenças auto-imunes. É neste contexto que podemos lançar mão de um exame clínico de grande aplicabilidade: a Capilaroscopia Periungueal.

A Capilaroscopia periungueal (CPU) consiste na visualização e avaliação morfológica dos minúsculos vasos sanguíneos que chegam à região periungueal (base das unhas dos dedos) por intermédio de um estereomicroscópio. Trata-se de um exame indolor, não invasivo, considerado um método confiável para identificação de alterações da microcirculação. Tais alterações estão associadas principalmente com as chamadas “doenças do colágeno”, tal como a Esclerodermia, Lúpus Eritematoso Sistêmico, Doença Mista do Tecido Conjuntivo, Dermatomiosite.

Alguns pacientes com diagnóstico inicial de FRy isolado ou de Doença Indiferenciada do tecido Conjuntivo podem apresentar um padrão característico à Capilaroscopia que é considerada fator prognóstico sugestivo de evolução para Esclerose Sistêmica. A realização de CPU seriada também auxilia no acompanhamento evolutivo de doentes esclerodérmicos, pois a microcirculação destes indivíduos sofre alterações dinâmicas ao longo do tempo, correlacionando-se com o próprio processo patológico da doença e com o desenvolvimento de outras manifestações em órgãos internos (pulmão, coração, rins e aparelho digestivo).